O que é o Council on Foreign Relations?
Do inglês, Council on Foreign Relations significa “Conselho de Relações Exteriores” ou a sigla CFR, que segundo o Wikipedia, é uma organização americana não governamental, sem fins lucrativos fundada em 1921 e sediada na cidade de Nova York.
Seria um “think tank” especializado em política exterior dos EUA e relações internacionais, contando com 5103 membros que inclui políticos seniores, vários secretários de estado dos EUA, diretores da CIA, banqueiros, advogados, professores de universidades e famosos da mídia.
Think tank do inglês “think” que significa pensar e “tank” que significa tanque, que seria um “tanque de idéias” ou usando um termo mais apropriado, seria uma “fábrica de idéia” ou “círculo de reflexão”.
Este conselho tem como objetivo influenciar e direcionar a narrativa internacional ou melhor, a agenda de assuntos exteriores ou externos que os Estados Unidos irá seguir, como melhor exemplifica a Wikipedia:
“As reuniões do CFR reúnem funcionários do governo, líderes empresariais globais e membros proeminentes da comunidade de inteligência e política externa para discutir questões internacionais. O CFR publica o jornal bimestral Foreign Affairs desde 1922 e dirige o Programa de Estudos David Rockefeller, que influencia a política externa fazendo recomendações à administração presidencial e à comunidade diplomática, testemunhando perante o Congresso, interagindo com a mídia e publicando assuntos sobre política externa.”
Como o próprio CFR explica na seção “Sobre” do site:
“O Programa de Estudos David Rockefeller – o think tank do CFR – é composto por mais de setenta acadêmicos e profissionais em tempo integral e auxiliares e visitantes (chamados de “bolsistas”) que cobrem as principais regiões e questões significativas que moldam a agenda internacional de hoje.”
Mas o que esse Conselho de Relações Exteriores faz? Como o próprio CFR informa na missão da organização:
- manter um quadro associativo diversificado, incluindo programas especiais para promover o interesse e desenvolver experiência na próxima geração de líderes de política externa;
- convocar reuniões em sua sede em Nova York e em Washington, DC, e outras cidades onde altos funcionários do governo, membros do Congresso, líderes globais e pensadores proeminentes se reúnem com membros do CFR para discutir e debater as principais questões internacionais;
- apoiar um Programa de Estudos que fomenta a pesquisa independente, permitindo que estudiosos do CFR produzam artigos, relatórios e livros e realizem mesas-redondas que analisam questões de política externa e fazem recomendações de políticas concretas;
- publicando Foreign Affairs, o jornal mais proeminente de relações internacionais e política externa dos EUA;
- patrocinar Forças-Tarefa Independentes que produzem relatórios com descobertas e prescrições de políticas sobre os tópicos mais importantes de política externa;
- e fornecendo informações e análises atualizadas sobre eventos mundiais e política externa americana em seu site, CFR.org.
Sobre a afiliação no CFR, traduzo frase ao lado da imagem acima:
“A filiação do CFR representa um grupo incomparável em realizações e diversidade no campo dos assuntos internacionais. Neste vídeo, membros como Robert E. Rubin, Condoleezza Rice, Fareed Zakaria e Angelina Jolie explicam por que o CFR é um recurso confiável e indispensável nas escolhas de política externa que os Estados Unidos enfrentam.”
Com um grupo diverso como este acima de banqueiros, ex-secretários de governo, jornalista da CNN e atriz de Hollywood, não tenho dúvida nenhuma que estas pessoas estão realmente debatendo assuntos internacionais e não somente aceitando idéias já formadas.
Como melhor explica o presidente atual do CFR, Richard N. Haass:
“A missão é ser um recurso e uma fonte de idéias, fornecer análises e background para ajudar as pessoas a compreender o mundo.”
Ou seja, o que ele realmente quis dizer é: A missão do CFR é apresentar políticas e convencer os políticos e o povo americano a adotarem a nossa narrativa.
Portanto, é apresentar a narrativa e as políticas que o governo deve seguir para ter sucesso nas relações externas usando a diversidade de membros para mostrar para todos que aquilo que eles afirmam foi discutido com um grupo diverso de membros, tentando dar credibilidade para o que eles afirmam, ou seja, “propaganda”.
Resumindo, eles são um grupo, realmente grande de membros (5 mil membros), dos quais segundo eles, um grupo com uma grande diversidades de pessoas, fornecendo um conjunto de relatórios para o governo dos Estados Unidos seguir como base instrucional e informacional para os políticos decidirem políticas externas.
Mas quanto custa esses relatórios? Na seção “funding” do site, é informado uma receita de $ 71 milhões de dólares anuais em 2021. E segundo o Wikipedia, em 2017 o CFR teve uma receita de $ 94 milhões de dólares e um gasto total de $ 73 milhões de dólares.
Para maiores detalhes sobre quem fez doações em 2021, direciono o leitor a visualizar este PDF fornecido no próprio site do CFR.
Dentre a lista enorme de doadores, menciono alguns nomes proeminentes no cenário global como vários membros da família Rockefeller e suas fundações, Fundação Ford, Fundação Bill e Melinda Gates, Exxon Mobil Corporation, Bloomberg Philanthropies, LG Economic Research Institute, Toyota Motor Corporation, Carnegie Corporation of New York, Goldman, Sachs & Co. (grande banco), Nike, Inc. e CBS Corporation (grande mídia).
Bom, se entre os membros existe ex-políticos, pode-se concluir que o CFR é uma organização que conhece como o sistema político funciona na prática, o objetivo deles é influenciar políticas exteriores dos Estados Unidos de acordo com a narrativa deles, ou seja, eles podem ser considerados um grupo de lobbying.
Mas qual a trajetória do CFR e como eles conseguem atuar para influenciar o Congresso americano? Para isso, vou me referir a história da organização, como relata a Wikipedia.
História – Origens, 1918 a 1945
Perto do final da Primeira Guerra Mundial, um grupo de trabalho de cerca de 150 acadêmicos chamada “The Inquiry” foi encarregada de informar o presidente Woodrow Wilson sobre as opções para o mundo do pós-guerra, quando a Alemanha foi derrotada. Esse grupo acadêmico, incluindo o conselheiro mais próximo de Wilson e amigo de longa data, “Coronel” Edward M. House, bem como Walter Lippmann, se reuniram para montar a estratégia para o mundo do pós-guerra. A equipe produziu mais de 2.000 documentos detalhando e analisando os fatos políticos, econômicos e sociais globais que seriam úteis para Wilson nas negociações de paz. Seus relatórios formaram a base para os Quatorze Pontos, que delineou a estratégia de Wilson para a paz após o fim da guerra. Esses estudiosos então viajaram para a Conferência de Paz de Paris em 1919 e participaram das discussões lá.
Como resultado das discussões na Conferência de Paz, um pequeno grupo de diplomatas e acadêmicos britânicos e americanos se reuniu em 30 de maio de 1919 no Hotel Majestic em Paris e decidiu criar uma organização anglo-americana chamada “The Institute of International Affairs”, que teria escritórios em Londres e Nova York. No final das contas, os delegados britânicos e americanos formaram institutos separados, com os britânicos desenvolvendo o Royal Institute of International Affairs ou Chatham House em Londres. Devido às visões isolacionistas prevalecentes na sociedade americana na época, os estudiosos tiveram dificuldade em ganhar impulso com seu plano e voltaram seu foco para um conjunto de reuniões discretas que vinham ocorrendo desde junho de 1918 na cidade de Nova York, sob o nome “Conselho de Relações Exteriores”. As reuniões foram chefiadas pelo advogado corporativo Elihu Root, que atuou como Secretário de Estado no governo do presidente Theodore Roosevelt, e compareceram em 108 “altos executivos de empresas bancárias, manufatureiras, comerciais e financeiras, junto com muitos advogados”.
Os membros eram proponentes do internacionalismo de Wilson, mas estavam particularmente preocupados com “o efeito que a guerra e o tratado de paz poderiam ter nos negócios do pós-guerra”. Os estudiosos da investigação viram uma oportunidade de criar uma organização que reuniu diplomatas, altos funcionários do governo e acadêmicos, advogados, banqueiros e industriais para arquitetar políticas governamentais. Em 29 de julho de 1921, eles entraram com um certificado de incorporação, formando oficialmente o Conselho de Relações Exteriores. Os membros fundadores incluem seu primeiro presidente honorário, Elihu Root, e o primeiro presidente eleito, John W. Davis; o vice-presidente Paul D. Cravath; e o secretário e tesoureiro Edwin F. Gay.
Em 1922, Gay, que foi reitor da Harvard Business School e diretor do Conselho de Navegação durante a guerra, liderou os esforços do Conselho para começar a publicação de uma revista que seria a fonte “autoritária” em política externa. Ele arrecadou US $ 125.000 (equivalente a US $ 1.932.654 em 2020) dos membros ricos do conselho, além de enviar cartas solicitando fundos aos “mil americanos mais ricos”. Usando esses fundos, a primeira edição da Foreign Affairs foi publicada em setembro de 1922 e, em poucos anos, ganhou a reputação de “a revisão americana mais confiável que lida com relações internacionais”.
No final dos anos 1930, a Fundação Ford e a Fundação Rockefeller começaram a contribuir com grandes quantias de dinheiro para o Conselho. Em 1938, eles criaram vários Comitês de Relações Exteriores, que mais tarde foram governados pelos Comitês Americanos de Relações Exteriores em Washington, D.C., em todo o país, financiados por uma doação da Carnegie Corporation. Homens influentes seriam escolhidos em várias cidades e, então, seriam reunidos para discussões em suas próprias comunidades e também para participar de uma conferência anual em Nova York. Esses comitês locais serviram para influenciar os líderes locais e formar a opinião pública para construir apoio para as políticas do Conselho, ao mesmo tempo que agiam como “postos úteis de escuta” por meio dos quais o Conselho e o governo dos Estados Unidos podiam “sentir o humor do país”.
Começando em 1939 e durando cinco anos, o Conselho alcançou um destaque muito maior dentro do governo e do Departamento de Estado, quando estabeleceu o estritamente confidencial Estudos de Guerra e Paz, financiado inteiramente pela Fundação Rockefeller. O sigilo em torno deste grupo era tal que os membros do Conselho que não participaram nas suas deliberações desconheciam por completo a existência do grupo de estudos. Estava dividido em quatro grupos temáticos funcionais: econômico e financeiro; segurança e armamentos; territorial; e político. O grupo de segurança e armamentos era chefiado por Allen Welsh Dulles, que mais tarde se tornou uma figura central no predecessor da CIA, o Escritório de Serviços Estratégicos (OSS). O CFR acabou produzindo 682 memorandos para o Departamento de Estado, que foram marcados como informação confidencial e distribuídos entre os departamentos governamentais apropriados.
História – Era da Guerra Fria, 1945 a 1979
Um estudo crítico descobriu que de 502 funcionários do governo entrevistados de 1945 a 1972, mais da metade eram membros do Conselho. Durante a administração Eisenhower, 40% dos principais funcionários da política externa dos EUA eram membros do CFR (o próprio Eisenhower tinha sido um membro do conselho); sob Truman, 42% dos cargos principais foram preenchidos por membros do conselho. Durante a administração Kennedy, esse número subiu para 51% e atingiu um pico de 57% sob a administração Johnson.
Em um artigo anônimo chamado “As Fontes da Conduta Soviética”, publicado no Foreign Affairs em 1947, o membro do grupo de estudos do CFR, George Kennan, cunhou o termo “contenção“. O ensaio provaria ser altamente influente na política externa dos EUA para sete próximos governos presidenciais. Quarenta anos depois, Kennan explicou que nunca suspeitou que os russos tivessem qualquer desejo de lançar um ataque à América; ele achava que era óbvio o suficiente e não precisava explicar em seu ensaio. William Bundy atribuiu aos grupos de estudo do CFR a ajuda para estabelecer a estrutura de pensamento que levou ao Plano Marshall e à OTAN. Devido ao novo interesse no grupo, o número de membros cresceu para 1000.
Dwight D. Eisenhower presidiu um grupo de estudo CFR enquanto atuava como presidente da Universidade de Columbia. Um membro disse mais tarde, “tudo o que o General Eisenhower sabe sobre economia, ele aprendeu nas reuniões do grupo de estudo.” O grupo de estudo CFR criou um grupo de estudo expandido chamado “Americanos por Eisenhower” para aumentar suas chances da presidência. Eisenhower mais tarde atrairia muitos membros do Gabinete de ranks do CFR e ele próprio se tornaria um membro do CFR. Sua nomeação principal para o CFR foi o Secretário de Estado John Foster Dulles. Dulles fez um discurso público na Harold Pratt House em Nova York, no qual anunciou uma nova direção para a política externa de Eisenhower: “Não há defesa local que sozinha conterá o poderoso poder terrestre do mundo comunista. As defesas locais devem ser reforçadas pelo impedimento adicional de poder retaliatório massivo.” Após este discurso, o conselho convocou uma sessão sobre “Armas Nucleares e Política Externa” e escolheu Henry Kissinger para dirigi-la. Kissinger passou o ano letivo seguinte trabalhando no projeto na sede do Conselho. O livro com o mesmo nome que publicou a partir de sua pesquisa em 1957 deu-lhe reconhecimento nacional, liderando as listas de mais vendidos do país.
Em 24 de novembro de 1953, um grupo de estudos ouviu um relatório do cientista político William Henderson sobre o conflito em curso entre a França e as forças do Viet Minh do líder comunista vietnamita Ho Chi Minh, uma luta que mais tarde seria conhecida como a Primeira Guerra da Indochina. Henderson argumentou que a causa de Ho era basicamente nacionalista por natureza e que o marxismo “pouco teve a ver com a revolução atual”. Além disso, disse o relatório, os Estados Unidos poderiam trabalhar com Ho para orientar seu movimento para longe do comunismo. Funcionários do Departamento de Estado, no entanto, expressaram ceticismo sobre a intervenção americana direta no Vietnã e a idéia foi tabulada. Nos próximos vinte anos, os Estados Unidos se veriam aliados do anticomunista Vietnã do Sul e contra Ho e seus apoiadores na Guerra do Vietnã.
O Conselho serviu como um “terreno fértil” para importantes políticas americanas, como dissuasão mútua, controle de armas e não proliferação nuclear.
Em 1962, o grupo iniciou um programa para trazer oficiais selecionados da Força Aérea para a Casa Harold Pratt para estudar com seus acadêmicos. O Exército, a Marinha e o Corpo de Fuzileiros Navais solicitaram que iniciassem programas semelhantes para seus próprios oficiais.
Um estudo de quatro anos sobre as relações entre os Estados Unidos e a China foi conduzido pelo Conselho entre 1964 e 1968. Um estudo publicado em 1966 concluiu que os cidadãos americanos eram mais abertos a conversas com a China do que seus líderes eleitos. Henry Kissinger continuou a publicar na Foreign Affairs e foi nomeado pelo presidente Nixon para servir como Conselheiro de Segurança Nacional em 1969. Em 1971, ele embarcou em uma viagem secreta a Pequim para discutir conversas com líderes chineses. Richard Nixon foi para a China em 1972, e as relações diplomáticas foram completamente normalizadas pelo Secretário de Estado do Presidente Carter, outro membro do Conselho, Cyrus Vance.
O Vietnã criou uma fenda dentro da organização. Quando Hamilton Fish Armstrong anunciou em 1970 que deixaria o comando das Foreign Affairs após 45 anos, o novo presidente David Rockefeller abordou um amigo da família, William Bundy, para assumir o cargo. Os defensores da luta contra a guerra no Conselho protestaram contra essa nomeação, alegando que o histórico de Bundy nos Departamentos de Estado e de Defesa e na CIA o impedia de assumir o controle de um jornal independente. Alguns consideravam Bundy um criminoso de guerra por suas ações anteriores.
Em novembro de 1979, enquanto presidente do CFR, David Rockefeller se envolveu em um incidente internacional quando ele e Henry Kissinger, junto com John J. McCloy e assessores de Rockefeller, persuadiram o presidente Jimmy Carter, por meio do Departamento de Estado, a admitir o Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, para os EUA para tratamento hospitalar de linfoma. Esta ação precipitou diretamente o que é conhecido como crise de reféns do Irã e colocou Rockefeller sob intenso escrutínio da mídia (particularmente do The New York Times) pela primeira vez em sua vida pública.
Em seu livro White House Diary, Carter escreveu sobre o caso, “Em 9 de abril [1979] David Rockefeller apareceu, aparentemente para me induzir a deixar o xá do Irã vir para os Estados Unidos. Rockefeller, Kissinger e Brzezinski parecem estar adotando isso como um projeto conjunto”
Para concluir, um fato que fica evidente ao revermos a história do CFR é que todos os presidentes dos Estados Unidos e oficiais do governo estão sempre rodeados de membros do CFR, ou já foram membros.
Relatório Anual 2021
Um dos objetivos que este Conselho de Relações Exteriores parece ter é o de disseminar a governança global dentro dos Estados Unidos.
Mas o que é governança global? É um conjunto de idéias e políticas que grupos não eleitos pela população produzem, estas idéias são como narrativas ou agendas que os governos devem se adequar, ou seja, o CFR não são governantes, mas decidem as políticas que os governantes vão seguir. Os governantes são nacionais, mas as políticas (ou a narrativa) que eles usam é global. Portanto governança global.
Como exemplo dos criadores ou distribuidores destas idéias ou narrativas temos o Fórum Econômico Mundial a ONU com suas agendas (Agenda 21, Agenda 2030 e etc.) e suas subsidiarias como a Organização Mundial da Saúde que construiu uma resposta contra a pandemia, que irrevogavelmente foi aceita e implementada em quase todo mundo ocidental sem muitos questionamentos, tanto da mídia, os ditos “especialistas” e como da maioria dos políticos.
No caso do CFR posso citar este parágrafo encontrado no relatório anual, provando não somente que eles “discutem” governança global, mas também que eles tem um Conselho de Conselhos, reunindo 28 dos maiores think tanks do mundo com este propósito:
“…o Council of Councils, um consórcio de vinte e oito grupos de reflexão importantes de todo o mundo que se reúne semestralmente para discutir o estado da governança global e como melhorá-la, se reuniu em novembro e maio. Na décima conferência anual do grupo em maio, os membros discutiram uma ampla gama de tópicos sobre governança global, incluindo o futuro do multilateralismo, cooperação internacional em vacinas COVID-19, proliferação nuclear e comércio global.”
Eu vejo este tipo de “discussão” como ultrajante, isso é a centralização da política, como um grupo vai decidir uma política de governança global para ser usada em todo o mundo pelas mais diversas regiões e populações do mundo? Não seria mais eficiente cada governo, ou cada região ou cada localidade/município, ou população, ou melhor ainda, cada indivíduo decidir o que eles querem fazer a respeito de suas vidas? Ou seja, a política do deixa me em paz, ou do deixa eu fazer do meu jeito? Agora vamos ser escravos de uma idéia global a respeito de algo que não nos afeta localmente?
Isso me parece uma tentativa de implementar a verticalização da política, as decisões políticas vindo de cima para baixo, da elite para o restante da população.
Continuando a leitura do Annual Report 2021 do CFR, eles mostram que fornecem informações importantes para o congresso americano, a respeito das relações internacionais dos Estados Unidos, assuntos que podem envolver os EUA em possíveis conflitos como crescente rivalidade entre Estados Unidos e China, o problema Rússia que segundo eles não tem interesse em integração econômica e usa e deseja usar seu poder militar, recursos de energia e ferramentas cibernéticas para promover seus interesses no exterior.
Tratam da mudança climática e possíveis perigos de biossegurança como as pandemias como um assunto que necessite de governança global e até mesmo indicam que a internet deve ser regulamentada. Segue citação do Relatório Anual de 2021:
“…é bem possível que este século seja definido menos pela geopolítica do que pela disposição (ou falta dela) dos governos de unir seus recursos para enfrentar os inúmeros desafios produzidos pela globalização e os vastos e rápidos fluxos através das fronteiras de várias coisas, desde gases de efeito estufa que aquecem o planeta até doenças infecciosas. O fornecimento de vacinas com potencial de proteção contra COVID-19 e suas variantes é lamentavelmente inadequado. O número de refugiados e pessoas deslocadas internamente atingiu um pico histórico. O ciberespaço é essencialmente não regulamentado. Foi demonstrado que as cadeias de suprimentos carecem de resiliência. Esses e outros exemplos deixam claro que a globalização está vencendo a corrida pela governança global.”
Vejo este paragrafo um tanto quanto aterrorizante, eles estão literalmente dizendo que os governos devem se unir para basicamente controlar o trafego até de gases, quanto muito de produtos e pessoas, ou seja, eles estão advocando aqui, que os governos controle ainda mais a sua vida, como uma taxa de emissões de carbono e evite ou controle o fluxo de pessoas, ou quem sabe obrigar vacinas das pessoas que cruzem fronteiras. Até mesmo citam que o ciberespaço deve ser regulamentado, ou seja, vão promover o acesso por biometria para acessar a internet, que significa adeus internet livre.
Tudo o que eles promovem é mais regulamentação governamental. E além disso eles expandem a sua atuação em diversas outras áreas.
Na educação eles promovem cursos como o World101, que trata de diversos assuntos como:
“grandes desafios globais, como mudança climática, proliferação nuclear e terrorismo; Regiões do mundo, explorando as principais regiões por meio de lentes, incluindo história, economia e política externa dos EUA; Como Funciona o Mundo…”
Lembrando que educação significa indoutrinação ou melhor ainda, lavagem cerebral, como o mundo deve funcionar na visão deles.
Segue um vasto número de iniciativas e programas para influenciar as mais diversas áreas da sociedade.
Iniciativa Academic Outreach, para conectar educadores e estudantes com as publicações da CFR e e programação para ensino e aprendizagem de assuntos internacionais.
Um programa para educar religiosos em assuntos exteriores como o Religion and Foreign Policy, a iniciativa envolve membros da comunidade religiosa com o objetivo de educar a próxima geração de lideres espirituais.
O programa Congress and U.S. Foreign Policy para conectar o trabalho do CFR com membros do congresso americano, seus empregados e oficias do poder executivo. Fornecendo analises de fontes independentes para informar a direção das políticas exteriores dos EUA. Com o objetivo de reunir com membros do congresso e seus funcionarios para a construção de relacionamento. Possuem até eventos virtuais com as varias embaixadas americanas.
Possuem também a iniciativa State and Local Officials, para não deixar nenhuma localidade de foram da influencia global, com o objetivo de conectar governadores, prefeitos, legisladores estaduais e líderes de cidades e condados com recursos para questões globais urgentes que afetam as agendas locais.
E claro os jornalistas locais não vão ficar de fora, o CFR conta com a iniciativa Local Journalists, como eles mesmo descrevem:
“O CFR continuou a série de teleconferências e webinars para esses jornalistas, a fim de conectá-los a especialistas e fornecer um fórum para compartilhar formas de melhores práticas. (…) …junta-se a especialistas e jornalistas que fornecem orientação para melhor enquadrar histórias sobre tópicos como distribuição de vacinas COVID-19, campanhas de desinformação e disparidades de saúde racial.”
Lançaram um site em janeiro de 2020, chamado “Pensando na Saúde Global” em inglês Think Global Health, data de lançamento, um tanto quanto interessante!
“explora como os desafios da saúde estão remodelando economias, sociedades e vidas cotidianas em todo o mundo. Produziu mais de 250 artigos e recebeu mais de um milhão de visualizações de páginas durante seu primeiro ano de operação.”
Este site Think Global Health, basicamente promove governança global em assuntos locais referentes a saúde, basicamente, infringindo na liberdade e poder que cada indivíduo ou sociedade ou governo soberano possui de determinar as políticas que melhor se adéquam as suas realidades locais. Apontando que aqueles que não seguem as regras de restrições COVID, como segundo eles o México, estão valorizando o turismo sobre vidas humanas, será mesmo? Bom, sendo ou não, porque não deixamos os mexicanos e os turistas que lá querem ir ou não ir decidir se as políticas COVID do México são adequadas ou não.
Concluindo
O CFR é uma organização da elite, como a própria história mostra, com o objetivo de influenciar o governo americano a agir de acordo com seus relatórios, vende a idéia que é um grupo não partidário, sem fins lucrativos formado por um diverso grupo de afiliados para discutir e prover políticas externas para o Congresso americano.
Pela história do Conselho e de informações no próprio site, podemos verificar as conexões do Conselho com vários nomes da elite e suas fundações de filantropia, bem como nomes associados a CIA e sua agência predecessora como a OSS. Conexões com organizações semelhantes na Europa, como a Chatham House de Londres. Envolvimento de membros do Conselho em várias administrações presidências americanas. O membro Henry Kissinger, que foi Conselheiro de Segurança Nacional e organizou as relações entre Estados Unidos e China, dentre vários outros.
O que o CFR basicamente promove é uma governança global bem nos moldes do Fórum Econômico Mundial em que as políticas são distribuídas por eles para os governos do mundo executarem, geralmente em detrimento da população, como diminuição da liberdade individual e do poder individual de escolha, promovendo a eliminação da liberdade de escolha até dentro da propriedade privada.
São favoráveis a imposição de políticas globais, sendo adotadas por governos em assuntos de combate a pandemias, mudança climática e regulamentação da Internet, o que coloca as escolhas individuais dos indivíduos, organizações, empresas, famílias e propriedade privada a mercê de escolhas impostas pelo governo.
Portanto, neste cenário promovido pelo CFR, o indivíduo fica impotente e fica impedido de decidir o que vai fazer com sua vida e sua propriedade e como vai interagir com outros indivíduos da sociedade.